Os mitos, como vimos anteriormente, consistiam numa
narrativa acerca da origem: do mundo,
dos deuses e dos próprios seres humanos. Dizemos que tais mitos compunham uma Cosmogonia, ou seja, uma narrativa
acerca do nascimento do universo. Em
oposição à cosmogonia surge, entre
os primeiros filósofos, o que chamamos Cosmologia,
ou seja, uma tentativa de explicação
racional e sistemática do universo. Os primeiros filósofos, conhecidos como
filósofos da natureza e também pré-socráticos, buscavam o princípio substancial ou substância primordial (a arché,
em grego) que julgavam existir em todos os seres materiais. Se perguntavam,
basicamente, qual seria a matéria prima que
constituía todas as coisas.
“Entre os que primeiro filosofaram, a maior parte julgou que eram princípios de todas as coisas apenas os princípios em forma de matéria. De fato, o item primeiro de que tudo se constitui, do qual tudo vem a ser e no qual, por último, tudo se corrompe, eis o que afirmam ser elemento e princípio dos entes” Aristóteles (Metafísica I, Aristóteles, trad. Lucas Angioni).
Tales de Mileto (623 -546 a.C.)
A
fama de Tales como geômetra nos é conhecida desde os anos iniciais do ensino
fundamental. No entanto, desde a antiguidade, Tales é considerado o primeiro filósofo. Já Aristóteles, no
livro I da Metafísica, assim afirma:
“De fato, Tales, o iniciador desse tipo de filosofia, afirma que é a água [o
princípio de todas as coisas]”. Como afirma Cotrim, “para Tales, a água, por permanecer basicamente a
mesma, em todas as transformações dos corpos, apesar de assumir diferentes
estados (sólido, líquido e gasoso), seria a arché, a substância
primordial, a origem única de todas as coisas, presente em tudo o que existe”[1]. Apesar de parecer estranha a proposta de
Tales, temos de reconhecer nela uma tentativa de fugir das antigas explicações
mitológicas sobre a criação do mundo, apoiando-se num princípio físico que fosse constante em todas as coisas, algo que
passa a funcionar como um princípio
unificador de todos os seres.
Anaximandro
de Mileto (610-547
a.C)
Anaximandro procurou aprofundar as concepções do mestre sobre a origem única de todas as coisas, mas, diferentemente de Tales, ele julgava que o princípio (arché) de tudo não podia ser um dos elementos observáveis no mundo natural. Para Anaximandro, o princípio primordial seria algo que transcendesse os limites do observável, ou seja, não estaria ao alcance dos sentidos, como era o caso da água de Tales. O filósofo propôs o ápeiron, o indeterminado ou ilimitado como principio de todas as coisas.
“Dentre os que afirmam que há um princípio, móvel e ilimitado, Anaximandro, filho de Praxíades, de Mileto, sucessor e discípulo de Tales, disse que o ápeiron (ilimitado) era o princípio e o elemento das coisas existentes. Foi o primeiro a introduzir o termo princípio. Diz que este não é a água nem algum dos chamados elementos, mas alguma natureza diferente, ilimitada, e dela nascem os céus e os mundos neles contidos” Simplício (Física, trad. Wilson Regis em Os Pensadores: Os Pré-Socráticos, Vol. 1, Editora Abril,1989 ).
Anaxímenes de Mileto (588-524 a.C.)
Assim como seu mestre Anaxímandro, Anaxímenes
admitia que a origem de todas as coisa é indeterminada, no entanto, ele se
recusava a atribuir o princípio de todas as coisas a algo que estivesse fora
dos limites da observação ou da experiência sensível.
Vemos
em Anaxímenes uma tentativa de conciliar as concepções de Tales e as de
Anaximandro: o ar é um elemento invisível, quase inobservável, no
entanto, ele é observável na medida em que é a própria vida, a força vital que anima o mundo, percebido na respiração.
Heráclito: fogo e devir (435-475 a.C)
Heráclito, nascido em Éfeso, na Jônia,também era um estudioso da natureza e procurava a arché de todas as coisas. Assim como os filósofos de Mileto, Heráclito observava que a realidade é dinâmica e que a vida estava em constante transformação. No entanto, ao invés de seguir o caminho daqueles pensadores, e procurar encontrar aquilo que permanece ou subsiste à transformação,Heráclito se concentrou naquilo que muda.
“Não se pode entrar no mesmo rio duas vezes,nem substância mortal tocar duas vezes na mesma condição”“Aos que entram nos mesmos rios outras e outras águas afluem”. Heráclito, Fragmentos, Os Pensadores: Os Pré-Socráticos, Vol 1, Editora Nova Cultural, 1989.
Parmênides nasceu numa região que hoje corresponde à Itália, foi discípulo de Pitágoras, e combateu a teoria mobilista dos filósofos jônicos, principalmente o mobilismo de Heráclito. Chegou até nós fragmentos de seu poema, Sobre a Natureza, fonte para nosso conhecimento de sua teoria.
De acordo com Parmênides, o movimento e a transformação postulado por Heráclito não passava de ilusão, ou ainda, seria apenas uma visão superficial da realidade. Se conseguimos superar nossa experiência sensível, nossa visão imediata das coisas, descobriremos, através do pensamento, que a verdadeira realidade é única, imóvel, eterna e imutável, sem princípio nem fim, contínua e indivisível. Atribui-se a Parmênides a introdução da distinção entre aparência e realidade no pensamento filosófico. Parmênides apresenta dois importantes argumentos contra o mobilismo:
a) o movimento é apenas aparente, um aspecto superficial das coisas (segue-se da distinção entre aparência e realidade);
b) só podemos entender a mudança se há algo de estável que permanece e me permite identificar o objeto como o mesmo – argumento de caráter lógico, sustenta a prioridade da permanência em relação ao movimento.
Parmênides é considerado o precursor da Metafísica, área da filosofia que se dedica a estudar o ser ou reaidade última das coisas.
Empédocles (490-430 a.C)
Empédocles esforçou-se para conciliar as concepções de Parmênides e Heráclito. Aceitava de Parmênides a racionalidade que afirmava a existência e permanência do ser, mas procurava encontrar uma maneira de tornar racional os dados dos sentidos.
Defendeu a existência de quatro elementos primordiais, que constituem as raízes de todas as coisas percebidas: fogo, terra, ar e água. Esses elementos seriam movidos e misturados de diferentes maneiras em função de dois princípios universais opostos, o amor (philia), força de atração e união e o ódio (neikos), força de repulsão e desagregação.
Demócrito (460-370 a.C)
Embora tenha vivido na mesma época de Sócrates, Demócrito é considerado um pré-socrático, uma vez que sua filosofia é marcada pela temática própria daqueles filósofos, a saber, a busca da arché ou princípio explicativo de tudo o que existe.
Juntamente com seu mestre Leucipo, Demócrito desenvolveu a doutrina conhecida pelo nome de atomismo. Segundo essa doutrina, todas as coisas que formam a realidade são constituídas por partículas invisíveis e indivisíveis, chamadas átomos, que em grego significa 'não divisível'.
Observação: as informações acima foram retiradas do livro Fundamentos da Filosofia, de Gilberto Cotrim e Mirna Fernandes, alguns trechos com modificações e outros retirados na íntegra.
Empédocles (490-430 a.C)
Empédocles esforçou-se para conciliar as concepções de Parmênides e Heráclito. Aceitava de Parmênides a racionalidade que afirmava a existência e permanência do ser, mas procurava encontrar uma maneira de tornar racional os dados dos sentidos.
Defendeu a existência de quatro elementos primordiais, que constituem as raízes de todas as coisas percebidas: fogo, terra, ar e água. Esses elementos seriam movidos e misturados de diferentes maneiras em função de dois princípios universais opostos, o amor (philia), força de atração e união e o ódio (neikos), força de repulsão e desagregação.
Demócrito (460-370 a.C)
Embora tenha vivido na mesma época de Sócrates, Demócrito é considerado um pré-socrático, uma vez que sua filosofia é marcada pela temática própria daqueles filósofos, a saber, a busca da arché ou princípio explicativo de tudo o que existe.
Juntamente com seu mestre Leucipo, Demócrito desenvolveu a doutrina conhecida pelo nome de atomismo. Segundo essa doutrina, todas as coisas que formam a realidade são constituídas por partículas invisíveis e indivisíveis, chamadas átomos, que em grego significa 'não divisível'.
Observação: as informações acima foram retiradas do livro Fundamentos da Filosofia, de Gilberto Cotrim e Mirna Fernandes, alguns trechos com modificações e outros retirados na íntegra.
[1] COTRIM, G.,FERNANDES, M. Fundamentos
de Filosofia,Volume Único, Editora Saraiva.