Pessoal,
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quarta-feira, 28 de maio de 2014
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Sofista (Platão) - trecho selecionado
Sofista
Platão
ESTRANGEIRO
[...]
Possuímos, na verdade, para exprimir vocalmente o ser, dois gêneros de sinais.
TEETETO
—
Quais?
ESTRANGEIRO
—
Os nomes e os verbos, como os chamamos.
TEETETO
—
Explica tua distinção.
ESTRANGEIRO
—
O que exprime as ações, nós chamamos verbo.
TEETETO
—
Sim.
ESTRANGEIRO
—
Quanto aos sujeitos que executam essas ações, o sinal vocal que a eles se
aplica é um nome.
TEETETO
—
Perfeitamente.
ESTRANGEIRO
—
Nomes apenas, enunciados de princípio a fim, jamais formam um discurso, assim
como verbos enunciados sem o acompanhamento de algum nome.
TEETETO
— Eis o que eu não sabia.
ESTRANGEIRO
—
É que, certamente, tinhas outra coisa em vista, dando-me, há pouco, teu
assentimento; pois o que eu queria dizer era exatamente isso: enunciados numa
seqüência como esta, eles não formam um discurso.
TEETETO
—
Em que seqüência?
ESTRANGEIRO
—
Por exemplo, anda, corre, dorme, e todos os demais verbos que significam ação;
mesmo dizendo-os todos, uns após outros, nem por isso formam um discurso.
TEETETO
—
Naturalmente.
ESTRANGEIRO
—
E se dissermos ainda: leão, cervo, cavalo, e todos os demais nomes que
denominam sujeitos executando ações, há, ainda aqui, uma série da qual jamais
resultou discurso algum; pois, nem nesta, nem na precedente, os sons proferidos
indicam nem ação, nem inação, nem o ser, de um ser, ou de um não-ser, pois não
unimos verbos aos nomes. Somente unidos haverá o acordo e, desta primeira combinação
nasce o discurso que será o primeiro e mais breve de todos os discursos.
TEETETO
—
Que entendes com isso?
ESTRANGEIRO
—
Ao dizer: o homem aprende não reconheces ali um discurso, o mais simples e o
primeiro?
TEETETO
—
Para mim, sim.
ESTRANGEIRO
— E que, desde esse momento, ele nos dá alguma a indicação relativa a coisas
que são, ou se tornaram, ou foram, ou serão; não se limitando a nomear, mas
permitindo-nos ver que algo aconteceu, entrelaçando verbos e nomes. Assim,
dissemos que ele discorre, e não somente que nomeia, e, a esse entrelaçamento,
demos o nome de discurso.
TEETETO
—
Justamente.
ESTRANGEIRO
—
Assim, pois, do mesmo modo que, entre as coisas, umas concordam mutuamente,
outras não; assim, também, nos sinais vocais, alguns deles não podem concordar,
ao passo que outros, por seu mútuo acordo, criaram o discurso.
TEETETO
—
Perfeitamente exato.
ESTRANGEIRO
—
Mais uma pequena observação.
TEETETO
—
Qual?
ESTRANGEIRO
—
O discurso, desde que ele é, é necessariamente um discurso sobre alguma coisa;
pois sobre o nada é impossível haver discurso.
TEETETO
—
Certamente.
ESTRANGEIRO
—
Não será necessário, também, que ele possua uma qualidade determinada?
TEETETO
—
Sem dúvida.
ESTRANGEIRO
—
Tomemos, pois, a nós mesmos, por objeto de nossa observação.
TEETETO
—
E o que devemos fazer.
ESTRANGEIRO
—
Vou pronunciar diante de ti um discurso, unindo um sujeito a uma ação por meio
de um nome e de um verbo; e tu dirás sobre o que é esse discurso.
TEETETO
—
Se puder, assim farei.
ESTRANGEIRO
—
Teeteto está sentado, será um longo discurso?
TEETETO
—
Não; aliás, bem curto.
ESTRANGEIRO
—
Cabe-te, pois, dizer a propósito de quem e sobre o que ele discorre.
TEETETO
—
Evidentemente, a propósito de mim e sobre mim.
ESTRANGEIRO
—
E este?
TEETETO
—
Qual?
ESTRANGEIRO
—
Teeteto, com quem agora converso, voa.
TEETETO
—
Aqui, ainda, só há uma resposta possível: a propósito de mim e sobre mim.
ESTRANGEIRO
—
Mas cada um desses discursos tem, necessariamente, uma qualidade.
TEETETO
—
Sim.
ESTRANGEIRO
—
Que qualidade devemos, pois, atribuir a um e outro?
TEETETO
—
Poderemos dizer que um é falso, outro verdadeiro.
ESTRANGEIRO
—
Ora, aquele que, dentre os dois, é verdadeiro, diz, sobre ti, o que é tal como
é.
TEETETO
—
Claro!
ESTRANGEIRO
—
E aquele que é falso diz outra coisa que aquela que é.
TEETETO
—
Sim.
ESTRANGEIRO
—
Diz, portanto, aquilo que não é.
TEETETO
—
Mais ou menos.
ESTRANGEIRO
—
Ele diz, pois, coisas que são, mas outras, que aquelas que são a teu respeito;
pois, como dissemos, ao redor de cada realidade há, de certo modo, muitos seres
e muitos não-seres.
TEETETO
—
Certamente.
ESTRANGEIRO
—
Assim, o último discurso que fiz a teu respeito deve, em primeiro lugar, e tendo
em vista o que definimos como a essência do discurso, ser, necessariamente, um dos mais breves.
TEETETO
—
Pelo menos é o que resulta de nossas conclusões de há pouco.
ESTRANGEIRO
—
Deve, em segundo lugar, referir-se a alguém.
TEETETO
—
Certamente.
ESTRANGEIRO
—
Ora, se não se refere a ti, não se refere, certamente, a ninguém mais.
TEETETO
—
Evidentemente.
ESTRANGEIRO
—
Não discorrendo sobre pessoa alguma, não seria então, nem mesmo um discurso. Na
verdade demonstramos que é impossível haver discurso que não discorra sobre
alguma coisa.
TEETETO
—
Perfeitamente exato.
ESTRANGEIRO
—
Assim, o conjunto formado de verbos e de nomes, que enuncia, a teu respeito, o
outro como sendo o mesmo, e o que não é como sendo, eis, exatamente, ao que
parece, a espécie de conjunto que constitui, real e verdadeiramente, um
discurso falso.
TEETETO
—
É a pura verdade.
ESTRANGEIRO
—
E então? Não é evidente, desde já, que o pensamento, a opinião, a imaginação,
são gêneros suscetíveis, em nossas almas, tanto de falsidade como de verdade?
TEETETO
—
Como?
ESTRANGEIRO
—
Compreenderás mais facilmente a razão se me deixares explicar em que eles
consistem e em que diferem um dos outros.
TEETETO
—
Explica.
ESTRANGEIRO
—
Pensamento e discurso são, pois, a mesma coisa, salvo que é ao diálogo interior
e silencioso da alma consigo mesma, que chamamos pensamento.
TEETETO
—
Perfeitamente.
ESTRANGEIRO
—
Mas a corrente que emana da alma e sai pelos lábios em emissão vocal, não
recebeu o nome de discurso?
TEETETO
—
É verdade.
ESTRANGEIRO
—
Sabemos, além disso, que há, no discurso, o seguinte. . .
TEETETO
—
O quê?
ESTRANGEIRO
—
Afirmação e negação.
TEETETO
—
Sim, sabemos.
ESTRANGEIRO
—
Quando, pois, isto se dá na alma, em pensamento, silenciosamente, haverá outra
palavra para designá-lo além de opinião?
TEETETO
—
Que outra palavra haveria?
ESTRANGEIRO
—
Quando, ao contrário, ela se apresenta, não mais espontaneamente, mas por
intermédio da sensação, este estado de espírito poderá ser corretamente
designado por imaginação, ou haverá ainda outra palavra?
TEETETO
—
Nenhuma outra.
ESTRANGEIRO
—
Desde que há, como vimos, discurso verdadeiro e falso, e que, no discurso,
distinguimos o pensamento que é o diálogo da alma consigo mesma, e a opinião,
que é a conclusão do pensamento, e esse estado de espírito que designamos por
imaginação, que é a combinação de sensação e opinião, é inevitável que, pelo
seu parentesco com o discurso, algumas delas sejam, algumas vezes, falsas.
TEETETO
—
Naturalmente.
ESTRANGEIRO
—
Percebes como descobrimos a falsidade da opinião e do discurso bem mais
prontamente do que esperávamos, quando, há bem pouco, receávamos perder o nosso
trabalho, empreendendo tal pesquisa?
TEETETO
—
Sim, percebo
(Platão,
Sofista, em Os Pensadores,São Paulo,
Abril Cultural, 1972, p.195-198- 261e a 264b).
segunda-feira, 19 de maio de 2014
A LINGUAGEM E A LÍNGUA COMO CARACTERÍSTICAS QUE IDENTIFICAM A ESPÉCIE HUMANA
(material retirado do Caderno do Professor, Vol 1,
Filosofia, SEESP, 2014)
Linguagem é palavra associada aos
processos de comunicação entre os seres. Compreendida
em um sentido amplo, está presente nas práticas realizadas
por todos os animais, incluindo gestos, movimentos, sinais de diversas naturezas,
cores, sons; não é, portanto, um processo exclusivamente associado aos seres humanos. Aristóteles, em seu livro A política, anunciou essa especificidade humana afirmando que
todos os animais têm vozes, mas somente o homem tem palavra [a língua].
A língua falada tem como
base física os sons, ou seja, a vibração do ar, e a língua escrita tem sua base
na imagem, quer dizer, em um desenho no espaço. Ela também tem uma base física
no animal que fala. A língua falada depende de um aparelho fonético bastante
sofisticado, e a língua escrita depende de uma mão igualmente sofisticada. Há,
ainda, a linguagem de sinais, que tem como base os gestos decorrentes de uma linguagem natural.
Todas apresentam características exclusivas da nossa espécie.
As línguas falada, escrita
e de sinais têm uma base cultural, pois são indissociavelmente ligadas a uma
forma de vida, uma cultura determinada. Ao mesmo tempo que a cultura é gerada
pela língua, ela também gera a língua.
Ao nomear, classificar, categorizar,
registrar suas experiências vitais, os seres humanos criam palavras e sintaxes
articuladoras de palavras ao contarem histórias de modos particulares de vida.
Pensamos, falamos, lemos e
escrevemos as palavras que herdamos como seres nascidos em tempo e espaço
determinados, em meio a saberes coletivos já consolidados. Herdamos a língua
com as palavras já enredadas em significados. É com essas palavras, com essa herança
que é a língua, que abarca os saberes coletivos
de nosso grupo cultural e o universo de significados por ele produzidos, que
construímos nossa arte, nossa expressão escrita e falada, nosso modo de ler e
dizer o mundo.
A língua é o “saber coletivo”
fundamental de um povo, de uma nação, de uma cultura. É fundamental porque, com
a língua, os grupos humanos fundam sua identidade, por meio das palavras que
organizam e nomeiam suas atividades para sobrevivência, suas crenças, seus
valores, suas artes. Assim como é verdadeira a afirmação de que existem
comunicações sem palavras, é verdadeira a impossibilidade de constituição de um
agrupamento humano, seja uma tribo, uma cidade ou um país, sem a edificação de
saberes coletivos que são planejados, registrados – ainda que na memória da
tradição oral – e comunicados pela língua de geração em geração. A língua é o
saber coletivo mais bem repartido de um povo ou comunidade. Além disso, é um saber
em contínua transformação e crescimento. Todos nós aprendemos a língua
constantemente e todos nós ensinamos a língua constantemente.
A língua de um povo, portanto, é um
instrumento valioso para a sua identidade. Ela é a espinha dorsal de uma sociedade ou cultura. E é por isso
que os antropólogos, quando se deparam com uma nação tribal em risco, imediatamente
chamam os linguistas para fixarem a língua em uma escrita, na tentativa de
não
deixá-la morrer.
Outra
característica importante do ser humano que é permitida pela linguagem pode
ser
encontrada na capacidade de sair do presente e da presença do que é visto para
lançar--se ao passado, ao futuro e a mundos nunca visitados.
Aliadas
à faculdade da memória, a língua e a linguagem nos trazem registros do passado;
e aliadas à nossa capacidade imaginativa, nos projetam para o futuro. Passado e
futuro só existem por causa da linguagem e da palavra.
A característica virtual
da linguagem e da língua permite essa fuga para lugares não existentes. Tal
virtualidade permite, ainda, que pensemos em objetos que não estão presentes e
sobre experiências que não são nossas. Com a linguagem e a língua,
representamos o mundo, imaginamos outras formas de viver e elaboramos saberes coletivos que herdamos e transmitimos
para gerações que nos sucedem.
domingo, 11 de maio de 2014
Inscrições ENEM 2014
Pessoal dos 3ºs anos,
Amanhã, 12/05, tem início o prazo de inscrição para o ENEM 2014. As inscrições estarão abertas até 23/05.
As provas estão confirmadas para dias 08 e 09 de novembro.
Para mais informações acessem: ENEM2014
Amanhã, 12/05, tem início o prazo de inscrição para o ENEM 2014. As inscrições estarão abertas até 23/05.
As provas estão confirmadas para dias 08 e 09 de novembro.
Para mais informações acessem: ENEM2014
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